RESUMO
Introdução: A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS Brasil) publicou em 2018
que o câncer foi responsável por mais de 9 milhões de óbitos, caracterizando a segunda
causa de morte no mundo. A Portaria/GM nº. 2.439/2005 pactua as diretrizes e
responsabilidades para o tratamento do câncer e criação do Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas em Oncologia para uniformizar e ampliar o atendimento ao usuário
oncológico no Sistema Único de Saúde e na rede privada. O farmacêutico é o gestor
técnico da farmácia hospitalar, responsável pelo cuidado farmacoterapêutico e em
instituir processos de trabalho para otimizar a terapia medicamentosa dos pacientes
hospitalizados, reduzindo a ocorrência de erros com a promoção da cultura de segurança
em ambiente hospitalar. Objetivo: Estruturar procedimentos operacionais padrão que
fortaleçam a segurança nos processos de prescrição e uso de medicamentos para usuários
oncológicos da Unidade Hospitalar João de Barros Barreto, Belém, Pará. Metodologia:
Trata-se de um estudo de caso, do tipo corte transversal, observacional e descritivo feito
a partir de amostragem de conveniência (MINAYO, 2012; TURATO, 2005), realizado
no período de abril de 2019 a setembro de 2019. Resultados: A amostra foi composta em
sua maioria por mulheres (60,5%), oriundas da área urbana, com escolaridade nível
fundamental incompleto, casadas, católicas e com ocupação para o trabalho doméstico; a
maioria negou a utilização de cigarro, álcool ou drogas (79%). Os tipos de câncer mais
frequentes foram estômago (11), esôfago (10), pâncreas e aparelho reprodutivo (6)
associados à hipertensão (37%) e diabetes (21%). Dentre os pacientes acompanhados,
65,8% tiveram alta melhorada; em 7,9% dos pacientes os procedimentos cirúrgicos foram
cancelados por desabastecimento de insumos/medicamentos ou falta de leito de reserva
em unidade de terapia intensiva. Ao total, foram analisadas 286 prescrições digitalizadas,
com média de 7,5 prescrições/paciente e 8,5 medicamentos por prescrição, dos quais a
solução de glicose a 50% foi o medicamento de alta vigilância mais utilizado. Dos 159
erros detectados, observou-se o uso da expressão “se necessário” (20,1%), “ausência do
tempo e da velocidade das infusões” (15,1%) e “ausência do volume e do tipo do
reconstituinte ou diluente” (13,2%). Quanto aos erros de dispensação, foram detectados
98 erros, dentre os quais, o mais incidente foi a dispensação de medicamentos sem a
diluição (35,1%), seguido pela omissão de medicamento prescrito (26,3%). Em relação
ao uso e acompanhamento dos medicamentos, em 8,4% das prescrições não havia a
checagem de medicamentos pela equipe de enfermagem em algum dos turnos de trabalho.
Conclusão: A análise da amostra comprovou a existência de erros relacionados aos
processos de prescrição, dispensação e uso de medicamentos voltados aos pacientes
oncológicos cirúrgicos atendidos pelo serviço de cirurgia do HUJBB evidenciando que
são necessárias medidas eficazes para a prevenção de erros com o mapeamento dos riscos
assistenciais, educação e treinamento contínuos das equipes multidisciplinares, além do
envolvimento do próprio paciente no cuidado assistencial com vistas a promover a
segurança do paciente dentro da unidade hospitalar.
Palavras-chave: Gestão Hospitalar. Oncologia. Cuidado Farmacêutico. Problemas
Relacionados a Medicamentos. Segurança do Paciente.